Avaliação holística da pessoa com ferida

Saber como avaliar a ferida do paciente corretamente é a chave para dar um fim ao seu sofrimento.

Isso significa abordar todos os fatores que afetam o processo de cicatrização, a combinação de fatores dentro e fora da ferida, desde identificar as causas subjacentes da ferida e as barreiras que a estão impedindo a ferida de cicatrizar, a estabelecer metas de cuidado claras e alinhar expectativas com o paciente.

Chamamos a isso de avaliação holística da pessoa com ferida, ela envolve:1

Histórico de saúde

Incluindo as condições clínicas atuais e anteriores, seus históricos psicológico, social e espiritual; seu ambiente de cuidado da feridas e acesso aos serviços de saúde especializados.

Avaliação física

Uma avaliação física do paciente incluindo fatores como respiração, pressão sanguínea, batimentos cardíacos, avaliação da pele, etc.

Avaliação da ferida

Avaliação abrangente da ferida  incluindo a avaliação do leito da ferida, das bordas da ferida, da pele perilesão e os níveis de dor do paciente.

Por que avaliar adequadamente feridas é tão importante?​

Viver com uma ferida tem um impacto significativo na qualidade de vida da pessoa. Muitos de vocês sabem com base em sua própria prática clínica, que feridas que não cicatrizam não são apenas dolorosas, mas também causam muita angústia para o paciente.1,2

Tanto os pacientes quanto os profissionais da saúde se preocupam com o porquê a ferida está demorando tanto tempo para cicatrizar e o que poderia estar errado. Alguns precisam lidar com o odor do exsudato, que pode impedi-los de se reunir com outras pessoas –adicionando isolamento social à sua dor e angústia.

Definindo plano e meta de cuidado para a ferida 

Assim que você tiver feito uma avaliação abrangente da pessoa e da ferida, pode passar para o desenvolvimento de um plano de cuidado efetivo e estabelecer metas específicas para o tratamento.

Lembre-se de envolver o paciente neste processo. Como provavelmente você já deve ter experimentado – e muitos estudos já documentaram – envolver diretamente os pacientes em seu planejamento dos cuidados e escolhas de tratamento melhora a adesão ao tratamento e por fim assegura melhores resultados.1

As metas que você estabelece para o tratamento da ferida mudarão com o tempo à medida que a ferida começa a cicatrizar. E a única forma de você poder monitorar o processo de cicatrização é avaliando a ferida frequentemente.

Um plano de cuidados da feridas geralmente envolve os 5 passos:4

1. limpeza da ferida;

2. fazer o desbridamento de tecido não viável (por exemplo, esfacelo ou necrose) parreduzir o risco de infecção;

3. gerenciar o equilíbrio da umidade – reidratar ou reduzir os níveis de exsudato para criar um ambiente de ferida úmido (por exemplo, com o uso de um curativo apropriado);

4. proteger o tecido de granulação/epitelial; e

5. melhorar o bem-estar do paciente, reduzindo a dor e o odor que sai da ferida.

Com que frequência você deve avaliar a ferida?​

Uma ferida deve ser avaliada a cada troca de curativo – ou pelo menos uma vez por semana – para verificar se os cuidados e tratamentos prestados estão apresentando os resultados esperados.5

É importante que você estabeleça a frequência de troca do curativo em relação às metas de tratamento que definiu. Por exemplo, se você está tratando uma ferida com exsudação intensa, será necessário trocar o curativo frequentemente, toda semana; se está tratando uma ferida com tecido de granulação, geralmente precisará apenas fazer algumas trocas por semana. Lembre-se de documentar os motivos da frequência com que o curativo precisa ser trocado.

Você sempre deve encaminhar o paciente para um especialista1 se você observar algum dos seguintes fatores:

Redução de menos de 20% na área da ferida em um período de quatro semanas.

Aumento inesperado na quantidade de exsudato.

Suspeita de infecção ou biofilme.

Aumento na intensidade da dor ou um declínio geral na saúde e bem-estar do paciente

Referências
  1. M.R. Liberato de Moura, C. Dowsett. Advancing practice in holistic wound management: a consensus-based call to action. Wounds International 2020;11(4)
  2. Price P, Krasner DL. Health-related quality of life and chronic wounds: evidence and implications for practice. Em: Krasner DL, Rodeheaver, GT, Sibbald RG, Woo KY, eds. Chronic Wound Care: A Clinical Source Book for Healthcare Professionals. Vol 1. 5th ed. Malvern, PA: HMP Communications; 2012:XXX–XXX.
  3. Strohal, R., Apelqvist, J., Dissemond, J. et al. EWMA Document: Desbridamento J Wound Care. 2013; 22 (Suppl. 1): S1–S52.
  4. Dowsett C et al. Triangle of wound assessment. Made easy. Wounds International, Maio de 2015
  5. Dowsett et al. (2020). Closing the gap between the evidence and clinical practice – a consensus report on exudate management (11(3))